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Qual o futuro da mobilidade urbana em Belém depois da COP?

Foto do escritor: Revista CabanosRevista Cabanos

Por Breno Reis

 

Após o maior evento das Nações Unidas na capital paraense, o que se deve esperar da mobilidade urbana na capital?


Foto: Breno Reis / Acervo pessoal
Foto: Breno Reis / Acervo pessoal

Belém está finalmente avançando, mesmo que devagar, sob os progressos mais recentes e eficientes voltados à mobilidade urbana pública. Mas essa melhoria veio para ficar ou é apenas algo passageiro?


Em razão da Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima (COP), diversas melhorias têm sido feitas tanto na estrutura da cidade de Belém quanto no meio de se deslocar dentro dela. O setor rodoviário já necessitava de mudanças há bastante tempo, bem antes da ideia de realização do evento na capital paraense.


A paciência na espera dos coletivos tornou-se algo necessário caso você queira apenas ir ao centro ou a outros pontos da cidade, isso sem contar nos perrengues durante a viagem, tais como ônibus lotado e engarrafamentos constantes, além do desconforto com as altas temperaturas de Belém.


O descaso é tamanho que ainda há veículos com mais de 10 anos em operação na cidade e que já estão fazendo “hora extra” e trafegam de modo inseguro para a população belenense. Só no ano de 2024, mais de seis ônibus já pegaram fogo com perda total ao veículo, ao ponto de assustar e prejudicar as pessoas que pagam devidamente pelo serviço e precisam contar com a sorte de pelo menos chegar ao seu destino.


Para uma melhora no deslocamento coletivo na cidade, o governo, junto com as empresas operadoras em Belém, introduziram 300 novos veículos equipados com sistema de ar-condicionado e Wi-Fi para a população. Esses veículos tornarão a viagem menos desgastante pela cidade. Mas como eles serão utilizados após o grande evento? E até que ponto isso pesará no bolso da população que depende diariamente desse serviço?


O investimento tem sido visto como benéfico pela população, e também por aqueles que operam esse serviço. É o que conta Silas Guimarães, operador de um coletivo há mais de 40 anos. Para ele, o investimento que está sendo feito gera expectativas para uma melhora significativa dos coletivos, mas poderia melhorar mais.


Silas Guimarães é um motorista experiente bem conhecido entre os rodoviários belenenses, principalmente por suas decorações chamativas e sazonais.


Foto: Reprodução / Redes sociais
Foto: Reprodução / Redes sociais

Em entrevista à Revista Cabanos, Silas disse acreditar que os investimentos prometidos não são, de maneira definitiva, a melhor solução para o sistema rodoviário. Ele descreve que a presença de carros individuais e carros de serviço por aplicativo têm intensificado o aumento de veículos se deslocando nas principais vias de acesso da cidade, somado ao fato de haver poucas saídas disponíveis da cidade.


Foi perguntado se ele acredita que essa renovação dos ônibus na cidade seria algo para a COP 30 ou se poderia ser uma medida também pensada em longo prazo, porém Silas acredita que não será uma medida sustentável se não houver uma implementação bem estudada sobre o tratamento desses novos veículos, em especial os elétricos. Ele cita que se um desses veículos der problema no meio do caminho, eles “vão ficar lá mesmo”, por se tratar de um sistema completamente novo e que requer uma atenção redobrada para que o funcionamento pleno e eficaz.


Outra medida sugerida seria a implementação de uma nova estação que integrasse São Brás ao Centro da cidade, medida bem utilizada em grandes cidades onde o sistema de BRT é mais eficaz, porém idealizada na capital paraense. Com essa aplicação, aumentaria o fluxo de veículos coletivos que ligassem o centro de Belém e diminuiria o tempo de viagem, sem contar nos gastos que poderiam ser menores no final do mês com os preços das passagens.


“Em 10 anos a estrutura de Belém estará pronta para os ônibus elétricos. Veja esses que estão rodando, se derem problema no meio da viagem, vão ficar lá mesmo. Deve haver um estudo e profissionais nessa área destinados a essas ocasiões para ter um sistema mais efetivo. Os com ar condicionado vão vir, mas os elétricos ainda precisarão de um devido tempo para o funcionamento pleno em Belém”, ressalta o motorista.


Foto: Breno Reis / Acervo Pessoal
Foto: Breno Reis / Acervo Pessoal

Silas enfatiza também que o sistema de mobilidade urbana, além de ultrapassado, não é sustentável para a proposta da COP 30. Caso isso seja implementado de qualquer maneira, em razão do evento, em longo prazo será apenas um gasto enorme de dinheiro público, que certamente fará falta para a cidade.

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