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Futebol feminino no Pará luta por visibilidade e apoio

Foto do escritor: Revista CabanosRevista Cabanos

 Por Júlia Secco e Samilly Silva

 

Os desafios vividos no futebol, e como eles impactam na carreira e vida das desportistas paraenses


Foto: Emily Pinto / Revista Cabanos
Foto: Emily Pinto / Revista Cabanos

O futebol feminino no Pará enfrenta desafios significativos, como a falta de estrutura, visibilidade, investimento e apoio. Esses problemas têm contribuído para a evasão de muitas atletas talentosas da região, colocando em risco o desenvolvimento do esporte no estado.


A recente indicação de Belém como cidade-sede da Copa do Mundo Feminina de 2027 trouxe esperança para o futebol feminino paraense. Esse evento pode servir como uma plataforma para o talento local, destacando a importância de investimentos na modalidade. No entanto, apesar dessa oportunidade, o futebol feminino no Pará ainda enfrenta inúmeros obstáculos, como falta de recursos e visibilidade.


A luta das desportistas paraenses por espaço no futebol começou na década de 1980, com a primeira edição do Parazão Feminino em 1983. No entanto, o campeonato não teve continuidade, sendo retomado apenas 16 anos depois, em 1999. A falta de continuidade nas competições reflete as dificuldades enfrentadas pelas atletas.


 

Estrutura precária


A técnica Aline Costa, que comanda o time feminino do Paysandu, destaca a carência de apoio profissional tanto para as jogadoras quanto para a comissão técnica, e revela:


“Se tratando de futebol feminino a gente ainda precisa ganhar o nosso espaço, então nós buscamos que a diretoria possa dar um suporte profissional.”


Problemas como a demora na marcação de partidas, a falta de consistência nos locais de treino e a ausência de materiais adequados são recorrentes, afetando o desempenho das atletas. Essa falta de estrutura demonstra um descaso por parte dos clubes e da Federação Paraense de Futebol (FPF).


O futebol feminino no Pará é amplamente ofuscado pelo futebol masculino. A cultura esportiva local privilegia a modalidade masculina, refletido no baixo engajamento das redes sociais e nas transmissões de jogos femininos, quando elas ocorrem. A falta de divulgação e a qualidade inferior das transmissões são fatores que contribuem para o desinteresse do público pelo futebol feminino. “Existe uma comparação dentro das 4 linhas [...]. Mas é um processo e nós estamos atrás disso, de uma valorização, de investimentos e fazer com que eles olhem com outros olhos a nossa modalidade.”, afirma a técnica Aline Costa.


A falta de investimento é um dos maiores desafios. Clubes do eixo Sul-Sudeste, por possuírem um toque profissionalizante, têm um suporte financeiro e estrutural que permite às atletas viverem do futebol, algo distante da realidade paraense. Essa disparidade leva muitas jogadoras talentosas a deixarem o estado em busca de melhores oportunidades, foi assim com as atletas Radija, Musa, Leila, Cássia Moura e Lora Capanema.


 

Rede de Apoio


No Pará, muitos clubes não oferecem apoio adequado às jogadoras, como dormitórios e alimentação. Questões como gravidez, lesões mal tratadas e a falta de suporte psicológico são problemas recorrentes. Aline Costa ressalta a importância do apoio psicológico e espiritual para as atletas, algo que, muitas vezes, é negligenciado nos clubes do estado.


Aline é uma voz ativa nesse cenário. Segundo ela, a dedicação das atletas vai muito além do que se vê em campo: "Os conselhos dados às atletas pela comissão são de vir treinar todos os dias e ter em mente que esse treinamento não é apenas para os respectivos clubes em que se encontram no momento, mas também para um futuro próximo, em que o sonho de jogar pela seleção brasileira se torna realidade."


Apesar dos desafios, Aline Costa acredita que o futuro é promissor. Segundo ela, com o devido investimento e apoio, o Pará pode se tornar um celeiro de grandes talentos no futebol feminino. A Copa do Mundo de 2027 é uma oportunidade crucial para impulsionar o esporte e criar um ambiente onde as atletas possam se desenvolver plenamente. Como a treinadora conclui:

“O céu é o limite”
Foto: Suellen Godinho / Revista Cabanos
Foto: Suellen Godinho / Revista Cabanos


2 Comments


Luiz Carlos Marques Secco
Luiz Carlos Marques Secco
Feb 17

Excelente matéria. Divulgar nas redes sociais para tentar sensibilizar dirigentes da FPF, e dos grandes clubes do estado do Pará.

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Marcos Maia
Marcos Maia
Feb 17

Que matéria importante de ler, parabéns!!!!

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